Na sua 33ª edição, o festival internacional de fotografia e artes visuais abraçou o tema “Ensaio para o Futuro”. Em 2023, surgiu uma vontade de explorar os desafios que continuam a ser vividos e as conversas que ainda são necessárias: a representatividade e a inclusão, a sustentabilidade ambiental, a política do quotidiano e os movimentos sociais como forças poderosas de mudança. É urgente, também, ouvir e parar. Se as democracias mostram sinais de fragilidade e os extremismos ganham espaço no frenesim do mundo virtual e da vida real, devemos parar para pensar em novas formas de organização, de modos de vida e de criação.
Das três open calls lançadas — Discovery Awards, Photobook Award e Emergentes: Portfolio Reviews Award — foram recebidas um total de 853 candidaturas de 844 talentos, de 59 países diferentes. As 49 exposições que poderão ser visitadas a partir de 15 de setembro contam com talento selecionado por um júri especializado, assim como com fotógrafos convidados diretamente pela organização.
Programa de exposições
Das 49 exposições programadas, 39 projetos estarão expostos em espaços que fazem parte do trajeto cultural Bracarense. Na Galeria da Estação, programado regularmente pelos Encontros da Imagem - Associação Cultura, estará exposto Desvio Padrão de Diogo Bento, focado na “postura frequentemente colonial da ciência sobre a natureza, bem como as complexidades inerentes à investigação científica em Cabo Verde numa era de capitalismo global e neocolonialismo”. Também é neste espaço que os 30 finalistas do Photobook Award verão os seus livros exibidos numa exposição coletiva. Com a abertura da Open Call em abril, o prémio Photobook Award, cujo vencedor será revelado durante o festival, recebeu submissões de 213 artistas de um total de 42 países e 228 livros de autor.
No Museu D. Diogo de Sousa, estarão expostos os trabalhos de 5 fotógrafos/artistas: Colin Delfosse, Julia Gat, Madelaine Ekserciyan, María Sánchez Martín e Victoria Jung, que, apesar da diferença de experiências e perspectivas de cada artista, param para pensar em novas formas de organização e de modos de vida. Até 28 de outubro, no gnration poderão ser visitados os trabalhos “Before it’s gone”, de M'hammed Kilito, vencedor do prémio Emergentes em 2022, assim como o do coletivo Hahn & Hartung, “Mother of Water”. Neste hub criativo, estes artistas rodeados de betão e de metal refletem sobre as formas como as alterações climáticas e o comportamento estão a mudar a forma como consumimos água. Até à Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva chegam os trabalhos de 7 finalistas do prémio Emergentes 2022 - Prémio Internacional de Fotografia Encontros da Imagem: Andrea Graziosi, Cédric Dasesson, Ciro Battiloro, Cléa Rekhou, Natalya Saprunova, Ney Milá e Simon Emond.
Na Galeria do Paço da Universidade do Minho, localizada no Largo do Paço, o público poderá espreitar os trabalhos de Akshay Mahajan, Diego Moreno, Davide Degano, Glauco Canalis, Marisol Mendez, Toma Gerzha e Matthieu Croizier. Para além destes artistas, durante os Encontros será possível ficar a conhecer os trabalhos finalistas da competição Paris Photo/Aperture PhotoBook Awards 2022, atuais parceiros do festival. Este prémio, que pretende reconhecer a excelência em livros de autor, traz 41 projetos finalistas para o público dos Encontros da Imagem. Os fotógrafos Ligia Popławska, Lucas Foglia, Chloé Milos Azzopardi e Gabriele Cecconi verão os seus trabalhos expostos no Museu Nogueira da Silva. Numa altura em que a ligação humana à natureza e ao meio ambiente está em constante mudança, estes quatro artistas trazem até ao Museu trabalhos que abordam a relação do homem com a natureza, seja pela religião, pelos sentidos ou pela procura de novos planetas.
Ao Mosteiro de Tibães chega a exposição coletiva dos artistas Agnieszka Sejud, Emilia Pennanen, Marta Bogdańska e Cinzia Romanin. A Zet Gallery acolhe “Não digas à mãe” de Délio Jasse, o Fórum Arte Braga a arte de Paulo Arraiano, “Unless the Water is safer than the Land”; no B-Lounge da Universidade do Minho o fotógrafo Loic Vendrame, com “Future Rust, Future Dust”; na Escola de Medicina - Campus de Gualtar estará Charles Xelot; no espaço de cerveja artesanal Letraria, o bar oficial dos Encontros da Imagem 2023, estará exposta a “Neverland” da artista Iggy Smalls.
Para além de espaços dedicados, os Encontros chegam às ruas de Braga. É o caso de “Drowning World” de Gideon Mendel, uma “tentativa de explorar a nossa emergência climática global de uma forma íntima e sistemática, para mostrar que os efeitos das alterações climáticas ignoram todas as fronteiras de riqueza, classe, raça e geografia.” Acrescem ainda as exposições de Colin Delfosse, que nos apresenta, no Museu D. Diogo de Sousa, artistas que questionam a profusão de bens de consumo e de lixo, reciclando e transformando-os em trajes; e Marisol Mendez, que terá o seu projeto “Madre” exposto na fachada da Galeria do Paço.
No início do ano, o festival convidou dois fotógrafos portugueses para uma residência artística na cidade de Braga — Carlos Barradas e Pauliana Valente Pimentel — no âmbito do projeto “Memória de Braga” que desde os anos 80 procura mapear o território e as suas comunidades. Carlos Barrados terá o seu trabalho, “On the exploration of fragmented futures”, em exposição no Theatro Circo. Este projeto, desenvolvido na cidade, é um exercício de exploração de algo que ainda não existe, tão intangível quanto o futuro, indo ao encontro da natureza antropológica do trabalho do fotógrafo.
Já Pauliana Valente Pimentel apresenta “Por que termina o corpo na pele?” na Galeria do Paço. A artista transforma a experiência da exposição e o nosso papel enquanto espectadores. Através do seu gesto, estes corpos, que nos cercam, que falam connosco, intimam-nos a abandonar o lugar distante da contemplação. Através do retrato, eles reclamam ser olhados como presenças, ser vistos na sua subjectividade. Eles convocam-nos para a acção, para a inter-relação através da obra de arte.
Todas as informações em Encontros da Imagem