Recuperar a quase perdida tradição Bracarense da Maçã Porta-da-Loja, assada no borralho, regada com vinho verde tinto e polvilhada com açúcar, foi o mote para a primeira sessão do ciclo Conversas na Praça, que decorreu esta Quarta-feira, 23 de Dezembro, no renovado Mercado Municipal de Braga.
Quase perdida, esta era uma tradição minhota na noite de consoada em muito lares do Baixo Minho, em especial na vasta área que, na idade média, era dominada pelo mosteiro de Tibães, em Braga.
A sessão, que contou com a presença de Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, e da vereadora Olga Pereira, foi dinamizada por Raul Rodrigues, professor universitário e especialista na recuperação, conservação e caracterização de cultivares regionais de espécies fruteiras, e por Eduardo Pires de Oliveira, historiador e investigador com foco em Braga e no Minho e que tem abordado esta temática.
Com o objectivo de divulgar esta tradição, promover a iguaria que é esta receita para confecção e consumo numa noite de união e de família, esta iniciativa teve ainda o propósito de contribuir para a preservação de um produto local do Minho, com grande qualidade, sabor e histórias familiares, sublinhando o valor gastronómico e patrimonial da Maçã Porta-da-Loja.
Actualmente já não existem muitos borralhos, porém, em Braga, esta tradição ainda se mantém viva por insistência dos mais velhos, que não querem deixar perder a tradição e vão contribuindo para preservar uma maçã deliciosa, produzida localmente, mas que por via das regras modernas e da necessidade de normalização da fruta, quase desapareceu. Não podendo ser exposta a par com os outros frutos no interior, foi relegada para a porta da loja. E assim ganhou o nome de Maçã Porta-da-Loja. Em Braga, na Praça - Mercado Municipal e em muitas pequenas lojas da Cidade, ainda persiste a sua venda.
No final da sessão, os visitantes da Praça tiveram a oportunidade de degustar esta especialidade minhota.