Braga apresenta agora mais um ponto de interesse na componente patrimonial. A segunda fase do Núcleo Museológico de São Martinho de Dume foi inaugurada este Sábado, 26 de Agosto, revelando um espólio muito significativo e exemplar da antiga arquitectura cristã da Europa Ocidental.
A musealização das ruínas da antiga Catedral, localizadas sob a actual igreja paroquial de Dume e seus espaços circundantes, foi promovida pelo Município de Braga e pela União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe, assumindo uma importância impar pela sua singularidade e valia patrimonial, constituindo-se como exemplar único. A sua valorização permitirá projectar as Ruínas Arqueológicas de São Martinho de Dume para o mesmo patamar dos grandes conjuntos europeus similares, integrando-o nos circuitos internacionais de arquitectura cristã antiga.
“Este é um activo importantíssimo para Braga, para a região e para o país. Olharmos para a nossa história e preservarmos o nosso património é algo fundamental para podermos evoluir como sociedade”, referiu Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, durante a cerimónia de inauguração, elogiando a “determinação de todos aqueles que ao longo os anos sempre pugnaram pela valorização deste espaço e pela criação deste Núcleo Museológico”.
Como explicou o Autarca a concretização de um projecto desta natureza “tem forçosamente que obedecer a questões técnicas e financeiras” que exigiram o compromisso de todos. “Em 2013, quando chegamos à Câmara Municipal, faltava dar este impulso para que este projecto se concretizasse, e tivemos o privilégio de ter a liderar a componente do Património o vereador Miguel Bandeira, o que facilitou a articulação com os diversos serviços, para que este projecto fosse agora uma realidade”, sublinhou Ricardo Rio.
Com a concretização deste projecto estão criadas as condições para que o Núcleo Museológico de Dume, enquanto centro de interpretação do monumento, funcione como polo cultural e lúdico, podendo albergar exposições, recepcionar visitas organizadas de público escolar e público indiferenciado mas também de especialistas em Arqueologia e História.
Referindo-se à “grande mais-valia” que este projecto representa em termos turísticos e económicos, o Edil lembrou que, neste particular da valorização patrimonial, “a União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe, sai extremamente privilegiada, uma vez que a este Núcleo Museológico, há que juntar o projecto do Convento de São Francisco que está a ser desenvolvido, mais uma vez, em parceria com a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, e que vai possibilitar a criação de uma rede de activos turísticos fundamental para criar uma grande dinâmica a este território”, conclui Ricardo Rio, felicitando a União de Freguesias e o seu presidente pela perseverança para que este projecto fosse possível.
Por seu turno, o presidente da União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe, Francisco Silva, lembrou que esta é uma obra que todos os Dumienses anseiam há 30 anos. “Trata-se de uma obra grandiosa. Foram precisas três décadas para que os Dumienses tivessem acesso a este património que vai valorizar a freguesia e engrandecer o seu povo e, certamente, vai levar Dume a uma escala internacional. Para isso queremos aproveitar o grande fluxo turístico da Cidade em termos de turismo religioso e criar um roteiro que passe por Dume”, referiu Francisco Silva, lembrando o esforço dos anteriores executivos da Junta de Dume que, ao iniciar a primeira fase, abriram caminho para que esta nova fase fosse possível.
“Esta segunda fase só foi possível devido ao trabalho de muita gente. Trata-se de uma obra que preserva o património, a cultura e a grande história de Dume”, concluiu Francisco Silva, agradecendo à Universidade do Minho e ao Município de Braga “por todo o apoio e dedicação que prestaram a este projecto ao longo destes anos”.
Mandada construir pelo Rei Suevo Charrarico no ano 550, a antiga Catedral foi consagrada a S. Martinho de Tours, como voto de agradecimento pela cura do filho. Ao longo dos tempos até ao presente, todo o espaço em causa e envolvente, foi vivido e marcado pelas várias épocas sendo os períodos mais significativos, os vividos pelos Romanos, Suevos e Visigodos, Época Medieval e o passado mais próximo com a construção de uma Igreja e Capela.
Município de Braga, 26 de Agosto de 2017