“Pequenas ideias que se transformam em grandes projectos sociais e ambientais”. Assim se pode resumir o ‘re.store’, um projecto que transforma os desperdícios dos processos de produção das empresas do sector têxtil, em sacos de compras produzidos por associações e instituições particulares de solidariedade social (IPSS). Uma iniciativa que, além de fomentar a economia circular e a inclusão social, contribui para a sustentabilidade económica das instituições.
A ideia, explicou Altino Bessa, vereador do Município de Braga, surgiu de uma visita à IRIS - Instituto de Reabilitação e Integração Social, com sede em Braga, e tornou-se num projecto único e que já está a ganhar dimensão nacional. “Durante essa visita, deparei que a IRIS produzia sacos através dos panos de guarda-chuvas inutilizados. Como durante a Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, uma das acções do Município de Braga é dar sacos reutilizáveis aos comerciantes, colocou-se a hipótese de esses sacos serem produzidos pela IRIS. No entanto, havia a necessidade de encontrar material suficiente e contactei a Sílvia Correia, da Creative Zone, na esperança que indicasse uma fábrica que fornecesse restos de material. A partir daí, as ideias começaram a fervilhar e o projecto a fluir”, contou Altino Bessa, durante o lançamento do projecto que decorreu esta Quinta-feira, 17 de Outubro, nas instalações da IRIS, em Braga.
O conceito e implementação do projecto foi idealizado por Sílvia Correia, CEO na Creative Zone, empresa que criou a ‘re.store’. Segundo a responsável, "há já um vasto leque de clientes interessados em aderir ao projeto, pelo que é necessário criar uma bolsa de parceiros sociais".
Agora, o objectivo é captar mais instituições de solidariedade com capacidade de aderirem a este projecto que “é um bom exemplo de como deve funcionar a economia circular”. O objetivo do projecto passa por ter capacidade de dar resposta a um número significativo de encomendas. "Para isso, queremos criar uma bolsa de parceiros sociais e desafiamos todas as instituições a aderirem a este projecto que pode ter um grande impacto na sustentabilidade económica destas instituições”, referiu Altino Bessa, explicando que o valor de cada saco produzido representa 1 euro para instituição e deu como exemplo o caso da IRIS que garantiu 1000 euros com duas encomendas: uma de 500 sacos para um grupo farmacêutico de Sesimbra e outra, também de 500, para a própria re.store vender nos seus canais de distribuição. “Um valor muito significativo para esta instituição e, certamente, será para todas as IPSS”, atirou.
Projecto “trabalha afectos e sentimentos”
Uma das virtudes do ‘re.sotre’, prende-se com o facto de os sacos serem totalmente produzidos pelos utentes das instituições, para além de permitir cumprir os pressupostos da economia circular como reciclar, reutilizar e reduzir. O material chega às instituições e estas apenas têm que juntar as peças, coser todas as partes e cada saco é único.
Eduarda Queirós, presidente da IRIS, lembrou a importância deste projecto para a instituição e para os utentes. “Com a implementação deste projecto os utentes têm uma ocupação do seu tempo e sentem-se entusiasmados em contribuir para a sociedade e para a instituição, ao mesmo tempo que desenvolvem as suas capacidades. Estamos a trabalhar afectos e sentimentos e isso é algo que nos deixa extremamente satisfeitos”, garantiu.
Além do tecido dos produtos ser reutilizado a partir dos desperdícios dos processos de produção de empresas de têxteis-lar, a etiqueta da marca é feita com fios de poliéster reciclados e as etiquetas são impressas em tecido de algodão 100% orgânico, assim como as alças.
No entanto, existe uma outra particularidade não menos importante. Cada saco contém uma etiqueta feita a partir de desperdícios de algodão à qual são acrescentadas sementes. Desta forma, após a sua leitura, esta pode ser plantada num vaso e, passados 20 dias, nascerá uma planta que corresponde à semente colocada na etiqueta.
“Esta é a verdadeira economia circular, amiga do ambiente, que envolve desperdícios, IPSS, empresas, onde todos contribuem e todos ganham”, concluiu Altino Bessa.
As instituições interessadas em aderir ao projecto podem fazê-lo através do site do 're.store' AQUI
Município de Braga, 17 de Outubro de 2019